Sobre o livro:
Um livro de ensaios inspirados na obra de Moishe Postone, ou mesmo sobre sua obra magna, Tempo trabalho e dominação social, merece ser saudado como um grande acontecimento editorial. Antes de tudo, pela importância de Postone para a reinterpretação de Marx, colocando sua obra numa nova chave, à altura dos desafios de se pensar a crítica do capitalismo no século XXI. Imprescindível para isso é a sua concepção de dominação social, que se apresenta como a objetivação de abstrações reais - constitutivas das categorias fundamentais da forma social -, que se movimentam às costas dos indivíduos, produzindo uma realidade em que as coisas governam os homens, e não o seu inverso. O capitalismo é uma forma de dominação social sem sujeito que tem levado a humanidade ao auto aniquilamento.
A obra de Postone é também muito relevante para a crítica do marxismo tradicional. A superação do capitalismo, na perspectiva desse autor, não passa por uma crítica das formas de distribuição da riqueza. Em outros termos, não se trata de uma crítica para melhorar a posição do trabalho no acesso à riqueza, mas sim, uma crítica tanto contra o trabalho - como categoria abstrata que fundamenta a dominação como contra esta forma histórica e limitada de riqueza social. Na verdade, a riqueza formada a partir da substância objetivada do tempo de trabalho é uma abstração destrutiva que cada vez menos realiza as necessidades humanas. No capitalismo financeirizado, a produção abstrata de valor tem sua contraparte numa objetivação sempre mais irrelevante de trabalho por unidade de mercadoria produzida, o que leva a um aumento exponencial da massa de produtos, para, mesmo ficticiamente, tentar manter acesa a dinâmica de valorização. A produção, portanto, dessa imensa coleção de mercadorias coloca em risco, hoje, além da humanidade, a existência do planeta. Assim sendo, a crítica do valor que Postone inspira não se reduz a aspectos particulares da forma social. Ela pressupõe a elaboração da crítica da totalidade da moderna sociedade incluindo, como um de seus momentos, a experiência colapsada do assim chamado socialismo real.
Por fim, mas não menos importante, uma nota sobre os coordenadores do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ontologia Crítica da Universidade Federal Fluminense (GEPOC_UFF), Mario Duayer (in Memoriam) e Paulo Henrique Furtado de Araujo. Eles são parte do pouco que ainda resta de relevante na produção acadêmica desse tempo. O paciente e rigoroso estudo ainda encontra neles um espaço criativo e cheio de inquietações. O leitor poderá, com satisfação, conferir isso neste livro.
Marildo Menegat
Sobre o organizador:
Paulo Henrique Furtado de Araujo é professor da Faculdade de Economia da UFF, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Ontologia Crítica da UFF (GEPOC-UFF), membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo (NIEP-MARX-UFF), autor de artigos publicados em periódicos científicos e de capítulo de livros. Sua pesquisa se ocupa principalmente da crítica da economia política de Marx, da teoria crítica do valor, da ontologia do ser social e do conjunto categorial Estado, capital e política.
CONSEQUÊNCIA Editora
ASSUNTO: CIÊNCIAS SOCIAIS
IDIOMA: Português
FORMATO: Brochura
TAMANHO: 14 x 21 cm
EDIÇÃO: 1ª 2022
PÁGs.: 160
LOMBADA: 1,0 cm
PESO: 400 gr.
ISBN: 9786587145310